6 de maio de 2015

A minha família tricolor

Começo esta nova aventura (o blogue) a falar daquilo que é a base da minha estabilidade enquanto mulher: a minha família. Venho de uma família numerosa e talvez por isso ter filhos, casar, ser dona de casa nunca fizeram parte dos meus planos. Via-me fácilmente sentada num avião a desbravar o planeta terra mas nunca a pilotar um fogão ou a mediar conflitos entre irmãos.
Ter de partilhar o meu closet (ou um mísero armario de três portas que seja) com um marmanjo foi durante muito tempo o  meu maior pesadelo.

Mas a vida cá está para trocar-nos as voltas, lançar os dados (viciados) e decidir por conta própria as direcções que vai tomando. Os nossos planos e sonhos parecem contar pouco - ou mesmo nada.

É graças às jogadas do chamado destino que me vejo, hoje, senhora dona de casa, casada, mãe e imigrante pela segunda vez. Quem diria?! E mãe?! O closet ainda é um armario de três portas; os conflitos entre irmãos ainda não acontecem mas tenho mediado uns quantos atritos entre o eu de ontem e a mulher de hoje. A alegria e o orgulho naquilo que tenho vindo a construir são indescutíveis, mas nem por isso deixo de questionar-me sobre o paradeiro da jovem que só conseguia imaginar uma família onde cabia apenas um membro: eu (e talvez um cão, desde que soubesse o caminho da rua nos momentos de extrema necessidade).

Os aviões de Portela deram-me um marido, com quem tenho partilhado muito mais que um armário. Temos descoberto juntos o que é isto de ter uma família criada por nós mesmos;  Com ele tenho vivido momentos intensos de descobertas a vários níveis. Dele recebi o maior de todos os presentes, um pequeno mini-eu.

No dia  28 de Agosto de 2012 soubemos o que realmente era viver com o coração fora do peito. De respirar e viver em prol de um ser que é só nosso e que resulta daquilo que somos. Numa mistura deliciosa e tons e sabores. A minha família é única como cada uma o é. Mas a minha família ainda é mais especial e diferente do que aquilo que eu (ou o esposo) pudémos alguma vez imaginar. Cá por casa vivemos uma vida tricolor. Cada um tem a sua. E juntos formamos um arco-iris de três tons que se conjugam na perfeição. 

A minha família é especial. Nela conjuga-se o ser humano em pelo menos três sub-tipos. Fala-se linguas multiplas, ouve-se músicas que nada tem a ver uma com a outra (depende de quem assume a posição de Dj), dança-se descompassado, come-se arroz com batata e é-se feliz assim mesmo, diferentemente. Apaixonadamente. Todos os dias. A minha família é tricolor e amamo-nos a triplicar. 

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