Como qualquer mãe, gosto de brincar com o meu filhote. Como qualquer mãe, adoro fazê-lo. Brincaríamos de bom grado de manhã até à noite. Brincaríamos desde o acordar até aos primeiros bocejos de sono. Adoramos brincar, cantar, dançar, inventar vozes, fazer caretas, e milhentas outras figuras que nem no meu pior pesadelo imagino como seria se alguém me visse em plena acção. Mas adoro. E o meu boneco também.
Mas começo a ficar preocupada com tanta brincadeira. Ele tem muita, mas muuuuuuita dificuldade de levar-me a sério. Mesmo quando o assunto é sério. O esposo já me tem chamado a atenção para isso. O problema é que mesmo que o assunto seja sério e eu tenha cara séria, ele não percebe. Não consigo fazer-lhe perceber a seriedade do assunto. E ele brinca. Continua sempre a brincar.
Ontem, quando ia no comboio revi-me numa mãe que ia com a filha de mais ou menos 6 anos. Elas brincavam à grande. Via-se que estavam no mundo delas. Onde só elas existiam. Brincaram, jogaram, aprenderam coisas juntas. Enfim, havia uma afinidade lindíssima entre as duas. No entanto, houve uma altura em que a mãe quis organizar a sua agenda e pareceu-me querer anotar alguma coisa. A senhora viu-se grega para o fazer porque a filha queria continuar a brincadeira. Por mais que a mãe dissesse que precisava de um momento a filha não percebia e continuava a puxar a mãe para a brincadeira. A páginas tantas a senhora cedeu e a brincadeira continuou. E as duas continuaram felizes, a brincar.
Este episódio fez-me pensar que talvez devesse tentar diminuir o tempo de brincadeira (será que consigo?) e ter menos momentos de infantilidade (será que consigo resistir a esta tentação de soltar a criança que há em mim?). Afinal de contas, a vida não é feita só de brincaideiras e eu, apesar de jovem, sou a mãe dele e não uma colega da creche.
A minha pergunta é: brincar muito (ou muitissimo, vá) deixa a criança menos preparada para a selva que é este mundo?
Psicólogos, pediatras, sociólogos ajudem-me!